

Jesiane Abreu
Coordenadora Psicopedagógica ABA
O início do ano letivo é um momento de renovação e planejamento para os professores. Preparar-se para receber os alunos, independentemente dos desafios, é essencial para garantir um ambiente escolar mais inclusivo, acolhedor e que favoreça o aprendizado de todos. Algumas estratégias podem fazer diferença na rotina e na experiência dos aprendizes.
Se você é um profissional da educação e quer tornar sua sala de aula mais inclusiva confira estas dicas práticas para um acolhimento mais eficiente.
Cada aluno é único
Antes de entrarmos nas estratégias, é importante reforçar um princípio básico: cada aluno tem suas particularidades. Cada aprendiz com Transtorno do Espectro Autista (TEA) pode ter potencialidades e dificuldades. Portanto, estar aberto ao diálogo e observar a individualidade são passos fundamentais para criar um ambiente escolar que promova o desenvolvimento ideal para cada estudante.
1. Previsibilidade
A previsibilidade é essencial para aprendizes com TEA, pois uma característica frequente em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) é a rigidez cognitiva.
Essa rigidez refere-se à dificuldade em mudar pensamentos ou comportamentos em resposta a novas informações ou mudanças ambientais.
Essa característica pode impactar significativamente a vida cotidiana de indivíduos com autismo, afetando suas interações sociais, habilidades de aprendizado e capacidade de enfrentar desafios.
A previsibilidade reduz a ansiedade e proporciona mais segurança no ambiente escolar.
Como muitos alunos dentro do espectro podem apresentar dificuldades com mudanças inesperadas, criar uma rotina bem estruturada faz toda a diferença.
Como aplicar?
Utilize rotinas visuais para indicar as atividades do dia. Isso pode incluir cronogramas ilustrados, quadros de tarefas e símbolos visuais.
Faça transições gradativas entre as atividades, avisando previamente sobre qualquer mudança na programação.
Use histórias sociais para preparar a criança para novos desafios, como passeios escolares ou dinâmicas diferentes em sala de aula.
O uso desses recursos possibilita uma adaptação mais tranquila, permitindo que o aluno compreenda melhor o que vai acontecer ao longo do dia.
2. Regulação sensorial
O ambiente escolar pode ser repleto de estímulos sensoriais que podem sobrecarregar um aprendiz com autismo. Sons altos, luzes fortes, toques inesperados e até cheiros intensos podem ser desafiadores para algumas crianças. Adaptar o espaço para atender a essas necessidades pode contribuir para um aprendizado mais eficaz e uma experiência mais confortável na escola.
Como aplicar?
Redução do ruído: se possível, ofereça abafadores de som para crianças sensíveis a barulhos ou mantenha um espaço mais silencioso para momentos de descanso.
Materiais sensoriais: inclua objetos como mordedores, almofadas táteis e brinquedos sensoriais para ajudar na autorregulação.
Adaptação da iluminação: evite luzes fluorescentes intensas, que podem causar desconforto, e prefira iluminações mais suaves.
Criar espaços seguros e confortáveis para os alunos ajuda a evitar crises e melhora o engajamento nas atividades.
3. Fortalecer o vínculo com a escola
Uma adaptação bem-sucedida requer colaboração entre escola, família e equipe pedagógica. É essencial criar um ambiente onde a criança se sinta pertencente e acolhida. O objetivo é que o aluno perceba a escola como um espaço positivo e motivador para seu aprendizado e desenvolvimento.
Como aplicar?
Adaptação progressiva: para alguns alunos, pode ser importante iniciar o ano letivo com horários reduzidos e ir aumentando gradativamente.
Salas de regulação emocional: criar espaços onde os alunos possam regular suas emoções quando necessário.
Intervalos planejados: estabelecer pausas fora de sala para o aluno se movimentar, e permitir que o aluno sente no chão ou ande pela sala em alguns momentos.
Alinhamento de estratégias: manter uma comunicação próxima com os responsáveis e outros profissionais que acompanham o aluno para garantir uma abordagem integrada.
A inclusão beneficia a todos
Incluir alunos com TEA não significa apenas adaptar o espaço ou criar estratégias isoladas. Trata-se de uma mudança de cultura escolar, onde a diversidade é reconhecida e respeitada. Ao aplicar essas práticas, não apenas os alunos com TEA se beneficiam, mas toda a comunidade escolar se torna mais consciente, acolhedora e preparada para lidar com diferentes aprendizes.
A escola precisa ser um ambiente reforçador para o aprendiz, para que ele se sinta confortável e motivado a estar ali todos os dias. Com pequenas mudanças e um olhar atento às necessidades de cada aluno, é possível transformar a sala de aula em um espaço verdadeiramente inclusivo.
E você, educador? Como tem preparado sua escola para receber seus alunos com TEA?