Thatiane Pires

Terapeuta de Específicas - Musicoterapeuta

Você já imaginou que a música, com sua melodia e ritmo, pode ser uma ferramenta poderosa no desenvolvimento do seu filho? Se você nunca pensou sobre isso, é hora de descobrir como a musicoterapia pode transformar desafios em conquistas no processo de desenvolvimento infantil, através de uma abordagem que combina arte e ciência. 

O que é musicoterapia?

A musicoterapia é uma intervenção terapêutica baseada em evidências científicas que utiliza a música e seus elementos (som, ritmo, melodia e harmonia) de forma estruturada para promover o desenvolvimento físico, emocional, cognitivo e social das crianças. A prática envolve experiências musicais utilizando sons, ritmos e melodias, uso de instrumentos musicais e até o silêncio, sempre com o objetivo de criar um ambiente terapêutico propício para o crescimento e evolução da criança. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, a musicoterapia não é uma atividade recreativa, mas sim uma abordagem sistemática, guiada por profissionais especializados, que busca trabalhar diferentes habilidades e aspectos do desenvolvimento da criança. 

Como a musicoterapia auxilia no desenvolvimento da criança? 

Através de instrumentos como tambores, pandeiros, maracas, teclados e violões, a musicoterapia trabalha habilidades essenciais que fazem parte do desenvolvimento integral da criança. 

Vamos entender um pouco mais sobre como cada aspecto da música contribui para o crescimento infantil. 

Desenvolvimento motor

A musicoterapia utiliza o som e o ritmo de instrumentos musicais para incentivar o movimento. Quando uma criança toca um tambor ou um pandeiro, por exemplo, ela aprende a coordenar os movimentos das mãos, promovendo o fortalecimento muscular e o desenvolvimento motor grosso. Tocar um instrumento que exige movimentos amplos, como bater ou sacudir, ajuda a melhorar o controle motor, além de fortalecer os músculos responsáveis pelos movimentos amplos. Por outro lado, instrumentos mais delicados, como teclados e violões, exigem um nível mais refinado de coordenação e destreza. Esses instrumentos trabalham o controle motor fino, ajudando a criança a melhorar a coordenação entre os dedos e as mãos, um passo fundamental para o desenvolvimento de outras habilidades motoras

Desenvolvimento cognitivo 

A música possui um impacto profundo nas funções cognitivas das crianças. Quando elas escutam músicas ou participam de atividades musicais, o cérebro é estimulado a processar e organizar informações de maneira eficaz. A musicoterapia também ajuda a estimular a criatividade. Ao permitir que a criança explore novos sons, ritmos e combinações musicais, ela se torna mais aberta à experimentação e à inovação. Isso não só aprimora sua capacidade cognitiva, mas também fortalece sua autoconfiança e autonomia. 

Desenvolvimento emocional 

A música tem o poder de tocar diretamente as emoções. Através de diferentes tipos de música, as crianças podem aprender a expressar seus sentimentos, processar emoções difíceis e até mesmo trabalhar a autorregulação emocional. Instrumentos musicais também desempenham um papel importante na liberação de tensões e no alívio de sentimentos de ansiedade ou frustração. Muitas vezes, as crianças têm dificuldade em verbalizar o que sentem, mas através da música, elas encontram uma forma alternativa e poderosa de comunicação. Seja tocando um instrumento, cantando ou apenas ouvindo, a música cria um espaço seguro para que elas possam explorar e expressar suas emoções. 

Desenvolvimento social 

A musicoterapia também é uma excelente ferramenta para o desenvolvimento social das crianças. Participar de sessões de musicoterapia em grupo oferece a elas a oportunidade de interagir com outras crianças, aprender sobre colaboração e trabalhar em equipe. Além disso, a música é uma linguagem universal, e ao se envolver em atividades musicais, as crianças desenvolvem habilidades importantes de socialização, como escutar, dividir, cooperar e respeitar o espaço do outro. Atividades em grupo, como tocar em conjunto ou cantar juntos, também desenvolvem habilidades como a troca de turno, o controle inibitório e a cooperação, criando um senso de comunidade e pertencimento. As crianças entendem, assim, a trabalhar com os outros para alcançar um objetivo comum, seja esse objetivo tocar uma música de forma harmoniosa ou criar um som coletivo. 

Musicoterapia como motivação para o desenvolvimento integral 

O que torna a musicoterapia ainda mais eficaz é o ambiente envolvente e motivador que ela cria. A música, com sua vibração, ritmo e harmonia, tem o poder de engajar as crianças, tornando todo o processo terapêutico mais agradável e interessante. A natureza lúdica da música faz com que a criança participe ativamente do processo, tornando-se mais aberta e disposta. Além disso, a progressão dos desafios propostos na musicoterapia pode ser ajustada conforme a evolução da criança, sempre oferecendo atividades que sejam tanto estimulantes quanto adequadas à sua fase de desenvolvimento. Esse dinamismo faz com que a música seja uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento contínuo. 

Como a musicoterapia pode ser aplicada? 

As sessões de musicoterapia podem ser realizadas de diversas formas, dependendo das necessidades de cada criança. Em um primeiro momento, o terapeuta realiza uma avaliação para identificar as áreas que precisam de mais atenção e desenvolve um plano terapêutico individualizado.

Dentre as experiências musicoterapêuticas mais utilizadas na prática estão citadas por Bruscia (2000) a composição, a improvisação, a recriação e a audição musical, cada uma com objetivos específicos que enriquecem o processo terapêutico.

Composição 

A composição envolve a criação de músicas ou letras pelos pacientes, com ou sem o auxílio do musicoterapeuta, permitindo a expressão de pensamentos, sentimentos e histórias. Essa experiência pode trabalhar habilidades cognitivas, como memória e organização de ideias, por meio de atividades como compor uma música sobre uma experiência pessoal ou criar uma melodia simples.

Improvisação 

Já a improvisação consiste na criação espontânea de sons, músicas ou ritmos, utilizando instrumentos ou a própria voz, sem necessidade de habilidades musicais prévias. Essa prática é excelente para facilitar a expressão emocional, promover o vínculo terapêutico e incentivar a interação em um ambiente seguro. Um exemplo é tocar tambores livremente para expressar sentimentos ou improvisar um diálogo musical com o terapeuta. 

Recriação

A recriação, por sua vez, refere-se à execução ou interpretação de músicas já existentes, com ou sem adaptações, e é uma experiência musicoterapêutica para desenvolver habilidades motoras, cognitivas e sociais. Além disso, permite a conexão com músicas familiares e significativas, criando uma ponte entre o passado e o presente. Um exemplo comum seria cantar uma música favorita ou tocar um instrumento acompanhando uma melodia conhecida. 

Audição musical

Por fim, a audição musical consiste em ouvir músicas, sons ou gravações com um propósito terapêutico, seja para relaxamento, estimulação cognitiva, evocação de memórias ou reflexão emocional. Essa experiência pode envolver tanto músicas escolhidas pelo terapeuta quanto aquelas selecionadas pelo próprio paciente, como ouvir uma melodia relaxante para reduzir a ansiedade ou explorar emoções associadas a uma música específica.

Essas experiências são utilizadas pelo musicoterapeuta para atender às necessidades e aos objetivos terapêuticos de cada paciente, promovendo bem-estar, desenvolvimento global e uma conexão profunda por meio da música.

Benefícios da musicoterapia para crianças com necessidades específicas 

A musicoterapia também é altamente eficaz para crianças com necessidades específicas, como aquelas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), dificuldades motoras ou de linguagem. Em muitos casos, ela proporciona uma forma alternativa de comunicação e ajuda na superação de barreiras que dificultam o aprendizado e a interação social. 

Para crianças com autismo, por exemplo, a musicoterapia pode ajudar a melhorar a comunicação não verbal, proporcionando um meio de expressão através de sons e movimentos. A criança pode usar a música para se conectar com o terapeuta ou com outras crianças, ao mesmo tempo em que trabalha habilidades motoras e cognitivas. 

A musicoterapia é uma abordagem terapêutica poderosa que utiliza a música para promover o desenvolvimento integral das crianças.

Se você está buscando uma forma inovadora e eficaz de apoiar o desenvolvimento do seu filho, a musicoterapia pode ser a aliada que faltava para desenvolver suas potencialidades.

 

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